Um desabafo sobre a solidão

Há dias eu tento escrever algo que está latejando dentro do meu peito, mas toda vez que eu começo, acabo apagando e deixando pra lá. Abro o Instagram mais uma vez e fico eternamente naquele poço de ansiedade e dopamina barata que a aba de reels me entrega. Um vício tão potente que me afeta em cada detalhe da minha vida. Qualquer coisa que me exige o mínimo de esforço é jogada para escanteio, porque os vídeos curtos e a luz azul são muito mais interessantes e gastam muito menos energia. 

Setembro acabou e eu, como faço todos os meses, fiz minha pequena retrospectiva. Na legenda, um pouco sobre os reencontros que tive, mas também sobre os desencontros.

O mês que passou me tirou alguém. Não tirou da Terra, da existência, mas apagou da minha vida, de certa forma. Porém, o Universo em sua imensa sabedoria decidiu equilibrar as coisas, me trazendo de volta um outro alguém. E esse alguém me questionou há poucos dias: "Você se sente sozinho?"... "Sim, eu me sinto". Na hora, essa resposta foi sincera, eu realmente me sinto, mas agora eu vejo como ela é mais profunda do que pensei.

A solidão, pelo menos na minha concepção, independe da companhia física de alguém. Eu me sinto sozinho no que construí e no que penso. Ninguém está comigo na minha individualidade, ninguém passa pelas mesmas experiências que eu passo (ou, pelo menos, não da mesma forma). Essa solidão machuca e quando se acumula com o peso da procrastinação e da inação que a rotina me traz, ela se torna insuportável.

A solidão às vezes me faz querer desistir, abrir mão de tudo que tenho, de tudo que construí, só porque começo a acreditar que nada disso faz sentido. Nada disso é bom o suficiente ou digno de ser apreciado. É como se tudo pelo que passei não valesse de nada. Todo o sofrimento e toda a luta que travei contra meus demônios e os demônios de fora fossem irrelevantes.

Nessas horas, eu me torno só um amálgama de sentimentos ruins, que nublam minha visão, me tirando da verdade. Eu não mais acredito em mim. Não mais acredito que sou capaz de viver, de construir, de me relacionar... de ser eu. Tudo desmorona e não há nada ao meu alcance para me agarrar e me salvar desse sufocamento.

Em algum momento, eu sei que isso mudará. Coisas mais importantes surgirão e eu vou notar que posso apenas ter agido de uma forma que me levou a pensar que sou incapaz de viver, mas agora... isso só dói.

E eu estou sozinho nessa dor. Acho que de todo o sofrimento, o maior de todos é esse... estar sozinho.

Há algum tempo, eu escrevi algo sobre como a tristeza faz eu escrever melhor e mais profundamente e eu pensei que poderia superar isso, escrever usando outros sentimentos. Mas eu não consigo. Eu não sinto a necessidade nem a vontade de escrever textos assim quando estou bem. Isso aqui é minha válvula de escape, minha última saída pra quando estou prestes a explodir...

Eu queria poder dizer aqui o real motivo de eu estar me sentindo mal ao ponto de querer escrever sobre isso sem parar, mas não dá, pelo menos não ainda.

Nesse momento, eu quero apenas abraçar a solidão e a tristeza e me aproveitar da parte boa dela, que é me permitir criar. Esse é o meu ciclo: eu sinto, eu escrevo, eu melhoro e assim seguirei, até o fim dos meus dias.

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