Tchau, 2024! Já vai tarde!
(Eu escrevi esse texto ouvindo essa playlist no aleatório. Se quiser escutar enquanto lê, fique à vontade)
Eu podia começar a falar aqui como eu odiei passar por 2024 e como esse ano foi agoniante, cheio de baixos e pouquíssimos altos, com muita ansiedade e momentos de desesperança, mas acho que não vou começar puxando tão pra baixo assim. Porque, querendo ou não, eu passei por momentos muito felizes e importantes pra mim e pra minha história, então acho justo dar uma atenção com carinho para esses momentos.
Em setembro, eu completei um ano de terapia, mas os efeitos eu já sentia desde o começo do ano. Eu sempre fui uma pessoa muito na minha, que não conseguia se relacionar (romanticamente) com as outras pessoas, mas no começo do ano eu senti que isso estava mudando e já não era tão complicado como foi durante toda a minha vida (quem diria que simplesmente ser eu mesmo era o segredo para as pessoas gostarem de mim, né?).
Pela primeira vez na vida, eu namorei de verdade, com alguém que eu realmente gostava, que realmente fazia sentido ter na minha vida, ao meu lado, e por quem eu nutri um sentimento profundo de amor e carinho como nunca havia feito antes. Tudo bem que foram apenas 5 meses, mas sem dúvida foram os melhores 5 meses em muitos anos. Afinal, quem disse que para ser verdadeiro, precisa ser longo?
Esse ano eu também fui a primeira vez para o carnaval (e amei, contrariando todas as expectativas), participei pela primeira vez de uma banda e me apresentei em um palco pela primeira vez. Foi um ano com algumas primeiras vezes inesquecíveis e importantes para transformar o Xico de janeiro no Xico de dezembro.
Eu também voltei a ler, com gosto, com prazer. Um hábito que eu havia perdido há muitos anos, mas que por conta do relacionamento de 5 meses com uma pessoa que ama ler, eu consegui redescobrir esse prazer, com livros que eu nunca pensei que leria. Comecei 2024 lendo, no máximo, 1 livro por ano e termino com um total de 10 leituras. Para algumas pessoas, isso não é muito, mas o que importa é que eu li, com frequência e, acima de tudo, com qualidade, tentando absorver o máximo que eu podia de cada um desses livros.
2024 foi o meu ano mais eclético. Eu fui de metal a kpop, passando por MPB, indie pop, samba e rap, tudo bem equilibrado e cumprindo a função de embalar a minha vida em todos os momentos, sempre com a trilha sonora correta (afinal, foram mais de 60 mil minutos escutados esse ano).
Por último, mas não menos importante, 2024 me trouxe pessoas que eu espero guardar para o resto da minha vida (ou pelo máximo de tempo que a minha vida permitir guardá-las). Pessoas que chegaram pra mim através do trabalho e que hoje eu posso considerar minhas amigas. Pessoas que fizeram a diferença no meu ano e que tornaram tudo um pouquinho mais fácil (nada melhor do que ter alguém pra fofocar do seu lado em um dia chato de trabalho).
Mas como eu disse, os baixos foram mais expressivos que os altos.
Eu namorei por 5 meses, mas esse relacionamento, infelizmente, terminou por motivos externos, fora do nosso controle. Sinto que se algumas coisas na minha vida estivessem um pouco mais acertadas, teria sido mais fácil passar por esse período difícil, mas não foi o caso, e assim chegou ao fim o meu primeiro relacionamento, com alguém que eu amei verdadeiramente. E acho que o fato de termos terminado sem uma briga, sem qualquer desentendimento, fez tudo ser mais difícil, porque o sentimento não tinha um motivo para ir embora. No fundo, essa pessoa sempre vai ter um lugarzinho no meu coração, não de um amor romântico, mas de um amor carinhoso, porque sei que eu me tornei alguém melhor depois de passar esses 5 meses ao lado dela. Eu recuperei meu amor pela leitura, eu amadureci, eu entendi como funciona a dinâmica de estar com alguém. No final, mesmo que não fosse nossa vontade terminar, creio que ambos aprendemos muito com tudo isso.
2024 também foi o meu pior ano, financeiramente falando, desde que me mudei para começar minha vida sozinho em Nova Friburgo. Eu tive que arcar com muitas responsabilidades que surgiram repentinamente, sem apoio e me virando pra conseguir pagar tudo que precisava no final do mês (e mesmo assim não consegui), além de me preocupar em colocar comida em casa. Termino o ano com algumas dívidas e sem saber como será o próximo mês, mas isso é uma questão que eu vou deixar para 2025 (chega né, já deu de pagar conta em 2024).
A desesperança que eu falei lá no começo do texto tem muito a ver com as responsabilidades repentinas que eu citei no parágrafo acima. Nos último dois anos, eu comecei a abraçar certas responsabilidades familiares que talvez não fossem minhas e me vi, aos poucos, perdendo meu espaço e vivendo em prol de arcar com essas responsabilidades (um shot pra cada vez que eu falei responsabilidade). Isso tudo fez eu deixar de enxergar um futuro real para a minha vida. Na terapia, eu aprendi que temos algumas crenças que nos limitam, que nosso cérebro entende como verdades absolutas e algumas delas pra mim são as crenças de "sou incapaz de mudar" e "sou impotente". Na minha cabeça, essas afirmações são a realidade, eu nunca vou conseguir mudar e sempre estarei impotente em relação ao que acontece comigo, mas, de forma consciente, eu sei que elas não são verdades. Mas toda vez que eu me sinto um pouco fragilizado, essas crenças (e muitas outras) aparecem com tudo e eu preciso de um esforço muito grande e consciente para afastá-las. E esse ano foi bem difícil fazer isso, mas sigo conseguindo.
"Um dia feliz tem mais poder que a tristeza de uma vida inteira. Nele moram as reviravoltas". Essa é uma frase de Tudo é rio, da Carla Madeira, e é um bom lembrete de que a gente costuma colocar muito mais importância nos momentos ruins e tristes do que nos momentos felizes, mas são esses momentos felizes que fazem as coisas andarem. Não é uma felicidade alegre, que faz você sair pulando por aí como um cordeirinho. É uma felicidade mais sutil, que te dá um empurrãozinho pra seguir em frente e lutar por mais um dia. Eu falo isso porque no começo desse texto, eu disse que os momentos baixos foram muito mais expressivos do que os altos, mas agora você deve perceber que eu falo com muito mais carinho dos meus momentos felizes do que dos tristes. Os tristes continuam sendo muito expressivos e, provavelmente, mais presentes no dia a dia, mas foram os felizes que me fizeram chegar aqui, em dezembro de 2024, com a mente no lugar (até onde é possível estar no lugar) e ter a certeza de que vou conseguir continuar lutando em 2025, como faço desde 2020 quando comecei minha vida sozinho.
Para o Xico do passado, eu deixo um abraço carinhoso e os meus parabéns. Você se esforçou muito e enfrentou demônios que ninguém sabe como foi, mas mesmo assim chegou ao final de mais um ano, mais experiente, mais maduro e mais preparado para enfrentar um novo ciclo.
E para o Xico do futuro, segura a onda. Você com certeza não enxerga isso, mas você está fazendo um bom trabalho. Não se trate mal, tenha paciência com você, se trate com carinho. Ainda somos novos, temos muito tempo pela frente (enquanto ainda existir mundo pra gente, mas isso é outro papo). Siga sua vida com leveza e lembre-se de não carregar o mundo nas costas sozinho. Se ame um pouco mais, porque eu com certeza te amo. A gente se vê ano que vem.
E para você que leu até aqui, meu muito obrigado. Não é um texto que qualquer pessoa leria no mundo das redes sociais e dos vídeos de 5 segundos.


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